Se “Procurando Nemo” é um filme sobre pai e filho e da relação entre o medo de deixar viver e a autonomia de uma criança, é extremamente importante dizer que “Procurando Dory” carrega esse tema e o aprofunda, na verdade tentando dar um contraponto para a atitude de Marlin em relação a criação do filho.
No primeiro filme ele demonstra-se hesitante e controlador sobre Nemo, que possui uma nadadeira menor, e depois de toda a experiência que deveria tê-lo ensinado a confiar mais mesmo ele tendo dificuldade, Marlin aparece neste filme da mesma forma, impaciente com Dory pelos seus esquecimentos, com receio de tudo e pessimista. Os pais de Dory, ao contrário, são confiantes e amáveis em relação ao seu problema, e sempre dispostos a encorajá-la, e é daí que vem sua atitude otimista, não é uma coisa engraçadinha de quem não tem noção da realidade das coisas porque esquece algumas delas.
Outros personagens de “Procurando Dory” também tem limitações físicas e psicológicas, e ao longo do filme existe um posicionamento geral de autonomia, apesar das dificuldades.
A exceção é o personagem Geraldo, que aparentemente tem um comprometimento cognitivo e sofre isolamento por parte dos seus pares, que inclusive se aproveitam dele e o maltratam reiteradamente. Essas cenas foram incômodas para minha família porque o filme tratou Geraldo com utilidade cômica. Algumas pessoas do cinema diziam entre risos “Parece um retardado”, como se alguém como ele sendo humilhado fosse realmente algo engraçado e não desconcertante.
Por essa ótica concluo que o filme falha em sua tentativa em despertar nas pessoas a consciência da importância de encarar a diferença sem preconceito e mais positivamente, fico imaginando como se sentiram as crianças diferentes ao ver Geraldo sendo tratado daquela maneira.
Sendo assim seguimos “Procurando amor”!